Blog Mundo Kino – Pelo conjunto da obra
13/03/2015
12:42 PM
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Luís Pires
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Atualizado em 13/03/2015 12:42 pm
No último dia 22 de fevereiro, em sua 87ª edição do Oscar, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas agraciou Julianne Moore com o prêmio de melhor atriz pela atuação em “Para Sempre Alice”. Foi a consagração da carreira de uma atriz de 54 anos, que tem no currículo 76 créditos e nada menos que 109 premiações importantes como o Globo de Ouro e o Bafta.
Ela já havia sido indicada – e preterida – ao Oscar outras quatro vezes, em 1997 por “Boogie Nights”, “Fim de Caso” (1999), “As Horas” (2000) e “Longe do Paraíso”, em 2003. E como sempre acontece em casos assim, a premiação ora concedida vale mais pelo conjunto da obra do que pelo atual trabalho. Isso não quer dizer que sua atuação em “Alice” tenha sido ruim, muito pelo contrário. Mas Julianne Moore já esteve melhor em outros papéis, como em “Ensaio Sobre a Cegueira” (filmado em São Paulo), por exemplo.
Em “Para Sempre Alice”, ela é a Dra. Alice Howland, renomada professora de linguística que começa a se esquecer de palavras. A situação se complica em um determinado dia quando, ao se exercitar correndo pelas ruas de Manhatan, se vê perdida e com dificuldades para encontrar o rumo de casa. Ao consultar um neurologista, ela é diagnosticada com Alzheimer. A trama conta a luta da doutora contra a doença e como ela afetará a relação de Alice com o mundo, com o marido John (Alec Baldwin) e com o restante da família, principalmente sua filha Lydia (Kristen Stewart), aspirante à atriz, opção profissional rejeitada pela mãe.
O filme traz à discussão o Alzheimer, doença neurodegenerativa que atinge mais de 35 milhões de pessoas no mundo (cerca de 1,2 milhões no Brasil), geralmente com mais de 60 anos de idade. Provoca o declínio das funções intelectuais, reduzindo a capacidade de trabalho e de convívio social. Aos poucos o doente vai perdendo suas memórias, principalmente as mais recentes. Pode se lembrar de um fato que aconteceu na infância, por exemplo, para em seguida não se recordar se acabou de escovar os dentes ou não.
Baseado no livro homônimo, escrito por Lisa Genova, o filme é sensível ao mostrar de maneira quase didática as diversas fases do distúrbio progressivo que acomete a personagem. Mas como “filme-doença” esse fica muito abaixo dos seus pares (“A Teoria de Tudo” que trata da Esclerose Lateral Amiotrófica do físico Stephen Hawking é o exemplo mais atual). Ainda assim, vale pela premiada atuação de Julianne Moore, acima da média, mas aquém de seus trabalhos anteriores, quase todos excelentes.
PS: Richard Glatzer morreu na última terça-feira. Ele sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica e teve seu quadro complicado durante a produção desse filme, o qual dirigiu e roteirizou juntamente com seu marido Wash Westmoreland.
Julianne Moore – Ganhou o Oscar pelo conjunto da sua obra (Foto: Divulgação)