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“Em primeiro lugar a música, depois o negócio”


02/05/2017
8:46 AM
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Eurico Cruz
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Atualizado em 03/05/2017 9:38 am

A Meteoro, com sede em Guarulhos, é uma empresa conhecida mundialmente no setor musical pela venda de amplificadores. O fundador, José Luiz Ferreira, divide a empresa com os irmãos Paulo Roberto e Ocimar Ferreira. Filhos do músico Cristalino Ferreira, pelo que aparenta, era impossível nascer naquela família e não fazer da música algo essencial à vida. “Ele que nos incentivou. Naquela época, ele tinha uma orquestra chamada Continental. E assim veio os irmãos também, virados para música. Na família não sou só eu o músico, mas o Paulinho, a turma toda. Engraçado é que a minha história, assim como a empresa, foi uma coisa engraçada”, disse o idealizador.

Zé Luiz, como é conhecido, é músico desde os nove anos e contou que em primeiro lugar, antes mesmo dos negócios, pensa na qualidade que seus produtos agregam a quem vá utilizá-los. “Eu sempre escutei a opinião dos músicos sobre os produtos, relevava bobagens e focava naquilo que poderia ser melhor”.

Atualmente, a companhia atende “20 e poucos países” com uma linha de mais de 60 produtos diferentes. Fundada em 1984, o primeiro item foi criado para que a família dele não ouvisse insistentemente os acordes dos alunos que o procuravam para ter aulas na casa do próprio professor, e recebeu o nome de Meteoro Study Phone. Foi dali que se surgiu uma ideia de empresa.

Ao conhecer o primeiro produto, muitos amigos pediram a Zé Luiz que fizesse para vender. No início da proposta, quando conversou com o irmão Paulo Roberto, o Paulinho, sobre o projeto de ter uma empresa, ouviu as gargalhadas da cunhada que achou que aquilo não daria certo.

Paulinho trabalhava em uma grande empresa na época e não podia largar tudo que tinha para apostar em um novo projeto. Foi tocando e conversando com amigos que Zé Luiz ouviu que deveria criar também amplificadores. “O começo não foi fácil, era difícil comprar até mesmo peças para a fabricação dos amplificadores”, contou.

Hoje, Zé Luiz viaja pelo mundo para apresentar e vender seu produto e faz questão de trabalhar na parte de desenvolvimento. Durante a entrevista, mostrou um protótipo de um aparelho que estava em criação.

Confiante – Zé Luiz acredita que a empresa irá continuar a ajudar músicos (Foto: Beto Martins)

Confiante – Zé Luiz acredita que a empresa irá continuar a ajudar músicos (Foto: Beto Martins)

Criatividade – Fundador da empresa aposta em criações e em marketing (Foto: Beto Martins)

O sonho da continuidade

Questionado sobre qual seria seu sonho hoje. Zé Luiz disse que deseja a continuidade do trabalho da Meteoro para o músico. “Eu não vou estar mais aqui, mas a minha empresa caminhando, honestamente, para os músicos, como ela sempre foi”, disse

Zé Luiz veste literalmente as marcas de sua criação. Durante a entrevista, tinha em sua camisa uma estampa da Meteoro. “Se eu não vestir minha marca, quem vai vestir?”. Dos eventos que participa dentro e fora do País guarda uma série de arquivos entre fotos e vídeos, sejam de suas apresentações ou mesmo de famosos com quem esteve, como o vocalista do Queen, Gene Simmons, para mostrar a quem quiser ver.

Por sinal, a Meteoro, que tem este nome exatamente porque Zé Luiz, formado em desenho industrial – ele mesmo desenha o caminho dos fios de seus produtos –, adorava desenhar coisas espaciais. “Eu chegava para as bandas e falava que tinha de ser um nome pequeno, forte e fácil de lembrar: Meteoro, eu sempre gostei dessas coisas de universo, eu desenhava muito essas coisas. Todo mundo achou legal, na época eu precisava de um slogan: Meteoro, nós somos o futuro”, disse.

Em Guarulhos, foi um dos grandes incentivadores da Banda Mamonas Assassinas e tem em sua empresa um departamento para emprestar amplificadores para músicos. Ainda na cidade, o irmão e sócio Paulinho mantém um estúdio que leva o nome Meteoro.

Criatividade – Fundador da empresa aposta em criações e em marketing (Foto: Beto Martins)

Criatividade – Fundador da empresa aposta em criações e em marketing (Foto: Beto Martins)

Ele chegou a tocar em bordel quando era apenas um menino

Aos noves anos de idade, nascido em Cornélio Procópio, no Paraná, Zé Luiz já tocava guitarra e aos 12 anos já estava profissionalmente em uma banda, chamada Black Birds. Os primeiros instrumentos que Zé Luiz aprendeu a tocar foram cavaquinho e violão. Ganhou do pai sua primeira guitarra, feita por um homem chamado Carmona.

Aquela época, a cidade natal de Zé Luiz tinha uma cena musical muito forte e ele estava sempre tocando em algum lugar. Uma das histórias mais inusitadas é a da Casa da Rita, um local para “encontros amorosos”, na qual o grupo de Zé Luiz fazia apresentações. Ele contou que foi devido à influência de seu pai, que conseguiu uma autorização, que ele conseguiu continuar a tocar no estabelecimento. “A Casa da Rita, não sei se não existe até hoje. Mas vou falar uma coisa, acredite, eu sempre respeitei muito, porque as pessoas que estavam naquele local, muitas vezes, só tinham aquela opção para cuidar da família”, disse.

Zé Luiz rodou o País como músico, em diversas bandas e em diferentes projetos, até que chegou em Guarulhos, onde começou a dar aula no Conservatório Municipal. Por conta das apresentações que fazia como músico, sentiu que prejudicava o andamento do Conservatório e decidiu sair, sendo procurado por seus alunos em sua residência para dar continuidade as aulas.


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