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Entrevista – Aarão Rubens de Oliveira


28/03/2016
9:57 AM
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Eurico Cruz
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Atualizado em 28/03/2016 9:57 am

“O Sistema financeiro é injusto” – Presidente da Agende valoriza uso de cooperativa.

Aarão Rubens de Oliveira é presidente da Agência de Desenvolvimento e Inovação (Agende) de Guarulhos e um dos empresários mais ativos nos debates econômicos e empresariais da cidade, os quais abordam temas como investimento, inovação e desempenho.

Em uma bate papo com a reportagem, Aarão defendeu o uso da Cooperativa Unicred, que atende empresários e profissionais da saúde com taxas de juros mais atraentes do que o então “injusto” sistema financeiro. Para Oliveira, a medida favorece ainda mais o município por registrar todos os tributos dentro da esfera municipal, automaticamente com resultado de aumento na receita da cidade e até mesmo elevação do Produto Interno Bruto.

Segundo o presidente da Agende, outra vantagem do modelo adotado pelas cooperativas é o network feito pelos próprios cooperados. “É possível, em uma conversa, encontrar dentro da cooperativa pessoas que forneçam produtos ou serviços necessários para outro empresário cooperado”, contou. Aarão também defendeu a celeridade do Parque Tecnológico, que deve ser construído no Parque Cecap, e disse que o equipamento deverá conciliar o meio acadêmico com o setor empresarial para buscar mais investimentos e mais inovação para a cidade e para os negócios.

Inovação – Para Aarão, investimentos em teconlogia são essenciais. (Foto: Lucas Dantas)

FM: Qual a vantagem da cooperativa diante do banco?

AR: Primeiro que quem é o dono é o associado, que define as questões em assembleia geral. A cooperativa trabalha com as definições do Banco Central. Funciona como um banco e oferece cartão de crédito, cheque, folha de pagamento, pagamentos via internet, todos os serviços, só que com um custo menor.

 

FM: Qualquer um pode se filiar à cooperativa?

AR: A nossa cooperativa não é de livre adesão. Ela é específica de empresários, comerciantes, indústrias, médicos, psicólogos e os agregados as empresas podem fazer parte. Quem é MEI também pode aderir ao sistema da cooperativa.

 

FM: Mas a cooperativa pode apresenta algum risco?

AR: É como uma empresa, pode trazer lucro ou dar prejuízo. A diferença da cooperativa é que você está tratando com os associados que você conhece. A gente sabe onde o risco é maior e menor. O comitê de crédito é formado pelos próprios cooperados. Tem uma empresa, em recuperação judicial, que queria operar forte com a gente, nós olhamos e dissemos, “calma, temos que ir devagar”.

 

FM: Mas o que acontece se a cooperativa quebrar?

AR: A cooperativa tem um fundo garantidor. Ela não quebra. Quando ela apresenta um número ruim ela é fundida com outra. Se a pessoa quiser sair, diante desse quadro, ela pode também. Neste caso, o valor do capital social investido até o momento é corrigido e devolvido ao cooperado.

 

FM: E para o município? Qual a vantagem da cooperativa?

AR: A cooperativa é uma manutenção do município. Ela ajuda a manter os recursos, os impostos no município, uma vez que a sede fica em Guarulhos. Isso contribui para a arrecadação financeira da cidade e para o crescimento do PIB. Isso torna a cidade mais atrativa para novos investimentos.

No último levantamento do PIB Guarulhos ficou atrás de Campinas e Osasco; a Agende tem alguma avaliação sobre o tema?

Em Campinas a gente entende ser o investimento que eles têm em tecnologia, com cinco parques tecnológicos, dois deles privados. Você tem um índice de empresas indo para Campinas pela qualidade de vida boa. Lá   também tem o Aeroporto de  Viracopos, que vem recebendo investimentos. Osasco não, o grande salto pode ser porque o maior banco, o Bradesco, está lá, e é evidente que essa interferência, por conta da metodologia de avaliação do PIB, gera um volume de recursos maior, mas não é que isso gere mais ICMS, mais dinheiro injetado na veia diretamente. Barueri também esteve à frente de Guarulhos um tempo por causa da metodologia.

 

FM: A desoneração é um caminho para atrair mais investimentos e empresas para a cidade?

AR: Atração de empresas não é só isenção de impostos. É inovação, tecnologia, desenvolvimento. Nós precisamos de um desenvolvimento maior para que o empreendedor consiga ter um desenvolvimento melhor do seu trabalho. O que atrai? Doutor, mestre, academia envolvida. Eu sou contra isenção de imposto. Tira IPI do carro, atende só um tipo de indústria. Tem que desonerar no global, mas tem que ter responsabilidade com isso. Você às vezes tira 15% do IPI e não gera mais 15% de emprego, de investimento. Na maioria das vezes o empresário acaba segurando o investimento.

 

FM: O que mais pode tornar uma cidade atrativa?

AR: Primeiro é a logística, isso é importante e Guarulhos tem. Segundo, licenciamento, tem que ser célere. A empresa vem para cá e tem que ter alvará, Corpo de Bombeiros, Cetesb. Eu tenho que entrar e produzir. Muitas vezes, depois de estar fixa na cidade, a empresa é informada que não pode exercer aquela atividade em determinada área.

 

FM: O Parque Tecnológico pode contribuir com essas medidas e atratividade?

AR: O Parque Tecnológico tem que ter uma linha que desburocratize e torne mais rápido a liberação de licenças para as empresas trabalharem. Se o governo precisar do suporte da Agende a agência está à disposição para auxiliar. A ideia do Parque é atrair grandes empresas e montá-lo com a possibilidade de outras empresas menores se tornarem satélites e trazerem investimentos. Nós temos que ter tecnologia inovativa. É preciso ter uma lei que faça essa diferenciação dentro do Parque. Como eu disse, não é só a desoneração que irá contribuir com as empresas, é preciso ter inovação.



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