Connect with us

Cidades

Cidade



notíciasCidade


Entrevista com Luis Augusto – ‘Shopping não mata o centro’


23/02/2015
2:58 PM
/
Wellington Alves
/
Atualizado em 23/02/2015 3:04 pm

Enquanto os economistas discutem as perspectivas negativas para o País com o ajuste fiscal implementado pelo governo federal, a indústria de shoppings deve ter 26 novos empreendimentos até o final do ano. Apesar da crise, a expectativa é de lucro, segundo Luis Augusto Ildefonso da Silva, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

O levantamento da abertura de shoppings foi elaborado pela associação em dezembro. Ainda há 108 shoppings sendo construídos, que devem ser abertos nos próximos anos. A crise, contudo, pode postergar as inaugurações. Isso porque os empreendedores tendem a injetar menos recursos, na espera que a economia volte a ter um melhor momento.

Ildefonso discorda daqueles que dizem que os shoppings têm contribuído com a depredação dos centros históricos. Na opinião dele, os públicos são distintos e lojistas que fazem sucesso nos centros urbanos nem sempre repetem o desempenho nos shoppings.

Guarulhos, com 1,3 milhão de habitantes, possui os shoppings Poli, Bonsucesso, Internacional e Pátio. A novidade, em abril, será o Parque Maia, que será o primeiro shopping de “luxo” da cidade.

 

Folha Metropolitana ­- Este é o momento ideal para a abertura de 26 shoppings?

Luis Augusto Ildefonso da Silva – O mercado está mais recessivo por tudo que vemos. Pelas ações que são tomadas pelas autoridades. O cenário não é como há três, quatro anos. Essas 26 inaugurações são shoppings em processo avançado. O Censo que fizemos foram 26 empreendimentos com provável data de inauguração. A probabilidade de abrir é muito grande. Tinha um estoque de dezembro de 2014 de 134 em construção. Aqueles que estão no início da construção têm condição melhor de retardar [a abertura] por não ter tido investimento grande. Os que já têm contratos com lojistas devem ter conclusão mais rápida.

 

FM – O comércio e os serviços estiveram em alta no ano passado. O senhor acredita que o desempenho desses setores irá se manter?

LS – Isso que você fala reforça essas inaugurações. A  contratação de temporários para o Natal foi satisfatória As redes de varejo quando fizeram as contratações anteviam que no curso de 2015 vão abrir mais lojas com os shoppgins. O varejo, por enquanto, com todo esse cenário não promissor, continua num estágio de operação bom. Não excelente, mas as redes estão subsistindo bem com ofertas, liquidações e com todas as artimanhas.

 

FM – O senhor concorda com a tese que a abertura de novos shoppings diminui a ocupação dos centros urbanos?

LS – Não digo que uma coisa mata a outra. Assim como o comércio eletrônico não mata a loja física. Em um congresso em Nova York vimos que a loja física é a alma do varejo. No caso de shopping e centro urbano,  um não perde para o outro. O que acontece nas cidades que lançam shoppings é que elas crescem. As prefeituras exigem cada vez mais dos empreendedores, com plano viário e acessibilidade. O empreendedor participa com investimento na Prefeitura. Vai crescer em empregos e vai ter aumento de arrecadação com impostos. Cidades novas, com shoppings novos, é uma política extremamente saudável para a economia, para a cidade, e sem matar o centro urbano. Os empreendedores sabem que muitas lojas do Centro urbano são sucesso no Centro, mas não fazem o mesmo sucesso no shopping.

 

FM – A abertura de shoppings deve ser lucrativa diante da atual crise?

LS – Não é só neste ano. São poucas as aberturas nas grandes cidades. A interiorização tem sido forte. Quando os grandes centros se consolidam, não que não possa ter mais em São Paulo, o custo de investimento numa grande cidade é muito maior do que numa cidade menor. A compra do terreno é muito mais condizente e econômica que na grande cidade. Os estudos feitos nesses pequenos municípios mostram que a rentabilidade pode se dar em dois ou três anos, que é um retorno compatível com um shopping novo. E cabe a percepção da autoridade municipal sobre essa vantagem.

 

FM – Mas o ajuste fiscal deve reduzir o poder de consumo das pessoas. A Alshop espera uma movimentação menor nos shoppings?

LS – Qualquer incidência de aumento de imposto prejudica a população. Se não tem como aumentar a arrecadação, a pessoa vai fechar a torneira. O destino de compras deve ser menor. Isso as lojas já lidam. No Natal sabiam que não seria a mesma coisa que em 2013. Estocaram menos para ter o equilíbrio entre despesas e receitas.

 

FM – Existe algum estudo sobre a capacidade máxima de shoppings que uma cidade como Guarulhos pode ter?

LS – Não tem correlação de população por shopping instalado. Pode ter uma cidade com um milhão de habitantes com 15 shoppings e outra com sete. Vai de acordo com a renda da população, o consumo e a possibilidade dos lojistas crescerem naquela área.

 

FM – Há mercado para os chamados “shoppings de luxo”?

LS – Existem alguns em algumas cidades. Eles continuam na sua toada, no seu regimento normal. O que acontece é que a indústria de shoppings com a ascensão da classe média com 52 milhões de novos consumidores percebeu que tinha que mudar a forma de atendimento. Essa classe nova é exigente no que compra. Os shoppings já se adequaram a este novo consumidor.

 

FM – O País passa por episódios de forte turbulência política desde junho de 2013. Como a Alshop se posiciona?

LS – A Alshop tem como zelo não dar opiniões políticas de forma nenhuma. Nessa eu prefiro me omitir.

Realista - Diretor espera movimento menor nos shoppings  (Foto: Divulgação)

Realista – Diretor espera movimento menor nos shoppings (Foto: Divulgação)



Continue Reading
To Top