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Futuro incerto


14/01/2015
7:51 PM
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Paulo Manso / Fotos: Alexandre de Paulo
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Atualizado em 15/01/2015 10:47 am

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Quando damos início a uma reportagem, nós, jornalistas, partimos para a fase de apurações e entrevistas que forneçam dados suficientes para respondermos às perguntas que motivaram a pauta. Acontece que, às vezes, as respostas não vêm.

Começamos esta série de reportagens com a pergunta “há futuro para o país mais pobre das Américas?” E não conseguimos chegar a uma conclusão. Se por um lado uma legião de pessoas e instituições abnegadas doam o próprio tempo e dinheiro para ajudar na reconstrução do Haiti, por outro, não se vê ações práticas no mesmo sentido de pessoas e instituições responsáveis naquela nação.

Ah, então a culpa é dos haitianos? É claro que não! Não se chega a uma situação tão calamitosa como esta tendo apenas uma causa ou um responsável. A instabilidade é algo historicamente enraizada no povo do Haiti. E uma mudança de postura e mentalidade é algo extremamente demorado.

Mas precisa começar! É necessário investigar as denúncias de desvio de verbas oriundas de doações humanitárias por parte de órgãos do governo; criar condições sociais para que o povo tenha emprego; aumentar a consciência de que a política precisa ser usada em prol do povo haitiano; diminuir as animosidades; etc. Não é tão simples…

Quando saímos de Guarulhos rumo ao Haiti, as dúvidas giravam em torno da real necessidade de uma missão de paz durar tanto tempo. Depois de uma semana no país caribenho, percebemos que a simples saída das tropas da ONU não vai resolver o problema. Pior. Pode até deixar campo livre para as constantes manifestações de cunho político debandarem para a violência. Daí para a retomada da guerra civil pré­Minustah é um pulo.

O que ficou claro, tanto para mim quanto para o Alexandre, é que o haitiano é extremamente esperançoso. A crença em um futuro melhor é algo que pode ser visto nos olhos daquela gente. E no sorriso que ignora a miséria.

Mas essa característica ­ até certo ponto romântica ­ precisa ser revertida em ações pragmáticas. Precisa sair dos olhos e partir para as mãos. Não para atirar em outros compatriotas. Mas para construir um país viável.

Como já foi escrito antes nesta série de reportagens, “o povo do Haiti já sofreu o que tinha que sofrer”. Para se livrar das intervenções estrangeiras e tomar as rédeas de seu destino, está na hora do haitiano fazer valer os versos de seu belo hino: “Marchons unis. Du sol soyons seuls maîtres.” (Marchemos unidos. Sejamos donos do nosso solo).



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