Ponto de Vista – A confiança em queda no governo
29/05/2017
9:30 AM
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Doacir Gonçalves de Quadros
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Atualizado em 29/05/2017 9:30 am
No dia 17 de maio acompanhávamos atentos os desdobramentos da divulgação do áudio pelo Jornal O Globo, que sugere a participação e a cumplicidade do presidente Michel Temer em ações contra a maior atividade anticorrupção no Brasil: a Operação Lava Jato. É mais um escândalo que passa a fazer parte das estatísticas de nosso País e estima-se que dezenas de escândalos políticos já foram divulgados em 2017.
No sentido literal, a palavra escândalo significa alguma ação ou atividade oculta que, depois de divulgada, mostra uma violação de certos valores e normas. No caso dos escândalos políticos, a maioria divulgada é do tipo “financeiro”. Este é o tipo de escândalo no qual o dinheiro público, que deveria ser investido para atender aos interesses da população, é desviado pelos representantes públicos para fins privados. Se, por um lado, felizmente, a divulgação dos escândalos políticos tende a contribuir para coibir a falta de transparência da gestão pública, servindo também para recuperar a responsabilidade pública dos representantes públicos, por outro lado, há o risco de ruir a confiança e denegrir a imagem de “toda” a política perante a população.
No Brasil espera-se que as estatísticas sobre a divulgação dos escândalos políticos aumentem e por algumas razões. A primeira é que eles são amplamente noticiáveis e, como vivemos em uma democracia, a imprensa tem a garantia do exercício da sua liberdade profissional e investigativa. Uma segunda razão é a de que os escândalos políticos refletem algo já indicado pelos brasileiros, desde as manifestações de junho de 2013, como o principal problema do País: a corrupção na política. Essa percepção foi corroborada pelo levantamento da FGV, denominado Índice de Confiança na Justiça, que apontou que somente 11% dos brasileiros confiam na instituição Presidência da República e 10% no Congresso Nacional. Portanto, a imprensa mostra algo que o brasileiro já sabe e condena.
É bom lembrar que nos regimes democráticos os atributos como a confiança e a reputação são cruciais para determinar o sucesso ou o insucesso dos políticos e dos governos.