Primeiro e último trem de Guarulhos

09/12/2015
1:16 PM
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Mari Cavalcante
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Atualizado em 09/12/2015 1:16 pm

Assim que o anúncio sonoro avisou sobre a última viagem do Tramway da Cantareira enquanto passava pelos trilhos da Avenida Presidente Humberto Castelo Branco, em Gopoúva (Região Centro), a dona de casa Maria Cândida Branco Papucci, 73, grávida de três meses, começou a se arrumar para dar adeus à maria-fumaça. O trenzinho, como era chamado pelos passageiros, passaria nos próximos 10 minutos.

Seguiu com o marido e o filho de um ano da Estação Gopoúva para a Estação Tucuruvi (Zona Norte da capital). Ao contrário do tempo em que pegava o trem lotado para trabalhar em uma camisaria na Rua José Paulino (Região Central da capital), naquele dia o vagão estava vazio. Naquele 31 de maio de 1965, o Trem da Cantareira fez algumas viagens de despedida entre as estações Guarulhos e Tucuruvi, o último trecho desativado, antes de ser extinto definitivamente. “Fiz várias amizades. Alguns passageiros guardavam o lugar para mim. Naquela época costumávamos dizer: Vai de maria-fumaça?”, relembrou.

Inaugurado em 1894 para o transporte de materiais para a construção da represa Cantareira (Zona Norte da capital), o trem passou a levar passageiros aos finais de semana na serra de mesmo nome, onde costumavam fazer piqueniques. Pouco tempo depois, passou a ser um meio de transporte público. O trenzinho chegou a Guarulhos em 1915 para facilitar o acesso ao Hospital Padre Bento, no Jardim Tranquilidade. Tornou-se, mais tarde, o ramal com a maior concentração de passageiros, segundo o pesquisador ferroviário Ralph Giesbrecht.