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Faixa de Gaza


13/01/2015
11:47 AM
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Paulo Manso / Fotos: Alexandre de Paulo
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Atualizado em 13/01/2015 11:47 am

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À noite, após o jantar, nos preparamos para sair em uma patrulha noturna. Inicialmente a programação era nos levar a Cité Soleil, local de maior resistência ao controle das tropas e que é foco de quase metade dos assassinatos no Haiti ainda hoje.

No entanto, uma briga entre gangues rivais mudou os planos. Mantivemos a atividade, porém em outros bairros, também problemáticos, mas que estavam em paz especificamente naquele dia.

Vestimos coletes a prova de balas e capacetes e embarcamos em dois Urutus, tanques de guerra blindados de cor branca e logotipo da ONU. Passamos pelas ruas do entorno da Cozinha do Inferno, visitada pela manhã. De noite, o lugar mais parece uma cidade fantasma. É de dar medo! Assustador o cenário que combina edificações destruídas pelo terremoto, falta de energia elétrica, grupos de pessoas concentradas nos poucos focos de luz, alguns pontos de música alta e muita bagunça.

Chegamos à chamada “Faixa de Gaza”, rua estreita que divide duas comunidades, Simon e Pelé, que vivem em guerra pelo controle do bairro Cité Militaire. Ali e naquele horário, nenhum civil se arrisca a passar. Outro lugar assustador. Descemos dos blindados e acompanhamos a “varredura” dos soldados pelos barracos a pé. Eles portavam fuzis equipados com lâmpadas. Caminhamos por alguns metros até se afastar um pouco da área mais crítica e conflituosa. Aos poucos, começaram a surgir pessoas nas ruas, em meio à escuridão, com olhares curiosos.

Um pouco mais à frente, num dos raros pontos com energia elétrica, um grupo de pessoas cantava e dançava animadamente, como se não vivessem naquela situação. A cena do grupo abrindo passagem para o tanque sem interromper a festa foi surreal!

Perguntei a um morador como era viver em meio a uma guerra de gangues. Estávamos em Simon. “Não sei de nada. Apenas vou vivendo”, limitou-se a dizer Jean Diebin, de 42 anos, com medo de se meter em encrenca.

Tenente Pacheco, que comandou a incursão, disse ser comum as pessoas não falarem sobre os conflitos. “Têm medo. Na semana passada uma mulher de Simon estava com seu filho machucado, mas não tinha coragem de entrar em Pelé, lugar que abriga um posto de saúde. Tivemos que levar o garoto até lá”, explicou.



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