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Procurando Roberta


13/01/2015
11:39 AM
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Paulo Manso/ Fotos: Alexandre de Paulo
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Atualizado em 14/01/2015 4:38 pm

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No Forte Nacional, fomos recepcionados pelo sub-comandante daquela base, capitão Thiago Quadros, e por seu substituto no contingente seguinte, capitão Alexandre Meirelles. Quadros nos levou ao mirante, onde aproveitou a privilegiada visão que se tem de Porto Príncipe para nos dar uma aula de localização. Nos mostrou bairro a bairro, pontos importantes como o monumento incompleto em homenagem à independência do Haiti (que deveria manter acesa uma pira), o terreno do Palácio Presidencial, os escombros da Catedral de Notre-Dame, os bairros (ou comunas) de Bel Air, Cité Militaire, Cité Soleil, a Praça da Paz, o Mercado de Ferro etc.

Incansável, Alexandre de Paulo mostrava as fotos para os oficiais, que demonstraram lembrar-se de uma das ruas retratadas. “Esta parece a Rua Saint Martin”, disse Quadros. Embarcamos em uma viatura. No caminho, mais edificações ainda destroçadas pelo terremoto e muita pobreza. De repente, um buzinaço!

Carros à nossa frente começaram a frear e dar marcha à ré. Um grupo de aproximadamente 100 motocicletas veio na direção contrária. Era uma manifestação contra o presidente Michel Martelly. Pilotos sem capacete, carregando ramos de folhas e cartazes, gritam contra o governo. Os cartazes ameaçavam: “Se atirarem paramos o país”.

Passado o susto, chegamos à Rua Saint Martin. Em uma esquina, Alexandre deu um pulo. “É aqui! Tenho certeza”, afirmou. Descemos da viatura e ele partiu sem freio na direção de uma igreja. Na verdade, um pavimento ainda em obras e com teto improvisado. Na frente, a única coisa que sobrou do templo fotografado em 2005: uma parede de cor verde, pichada, virou involuntariamente um memorial para Alexandre.

A pastora Clemence pregava em um culto evangélico para aproximadamente 15 fiéis. Ela era apenas um membro da Igreja de Deus Pentecostal no dia 12 de janeiro de 2010. Na fatídica tarde, Clemence estudava espanhol no interior do templo. Duas horas antes do abalo, saiu para buscar a filha na escola e só por isso se salvou.

Dentro da igreja, o pastor tentou correr na direção da saída, mas foi atingido na cabeça por um pedaço do telhado que despedaçava. Morreu poucos minutos depois. Desde então, é Clemence que cuida do rebanho e tenta reerguer a igreja.

Alexandre mostrou suas fotos para ela e outros fiéis. Um deles fitou mais demoradamente a imagem que retrata três crianças e saiu para as empoeiradas ruas de Bel Air em busca de mais informações.

Fomos acompanhando as pessoas, que iam passando a foto de mão em mão, ora fazendo cara de quem reconheceu um amigo, ora de quem não se lembrava daquele rosto. A busca durou aproximadamente 30 minutos. Embrenhamo-nos pelas estreitas vielas da favela. De um quarteirão para outro. Até que uma senhora, sentada no chão de uma área de aproximadamente 4m2, ao lado de três crianças, abriu um largo sorriso ao ver a foto: “Oui, oui. Est ma fille. Comme ce était petite (Sim, sim. É minha filha. Como está pequenininha)”.

A busca proposta por Alexandre parecia algo impossível, mas a garota de olhar expressivo em 2005 sobreviveu ao terremoto. Tem 20 anos. Roberta estava na escola, e a mãe correu para buscá-la. O reencontro foi emocionante. Ela não se lembrava dele, nem do instante distante nove anos. Mas ficou feliz em saber que alguém se preocupou com ela, que vive em um lugar tão esquecido.

A jovem Roberta, com sua fotografia de 2005. Entre uma imagem e outra, dor de ferimentos e perda de uma amiga.

A jovem Roberta, com sua fotografia de 2005. Entre uma imagem e outra, dor de ferimentos e perda de uma amiga.

Aqui, o reencontro emocionado de Alexandre e a haitiana Roberta

O único momento de tristeza foi quando o tema terremoto entrou na conversa. Não só ela, mas todo haitiano com quem conversamos mudou o tom de voz e jogou o olhar em um vazio impenetrável. Na tarde de 12 de janeiro de 2010, ela brincava com uma amiga no Ponto Forte de Bel Air (o primeiro instalado pelo Exército brasileiro no Haiti). Após o tremor, que durou por volta de um minuto, Roberta ficou soterrada e viu a amiga morrer ao seu lado, esmagada. Ela queb



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