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“Vai ser mais difícil para o PT”

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“Vai ser mais difícil para o PT”

Quando Elói Pietá encerrou seu segundo mandato como prefeito de Guarulhos, em 2008, gozava de boa avaliação da população. Entregou uma folha de pagamento 27% mais enxuta que a atual e conseguiu emplacar seu sucessor sem muita dificuldade. Diante da atual crise financeira e política do governo federal,  que se reflete no município, Elói disse que o candidato escolhido entre ele, o secretário de Educação Moacir de Souza e o deputado estadual Alencar Santana para representar o PT na disputa deste ano à Prefeitura, tem de ser sincero com a população.

Em meio a uma disputa dentro da própria sigla que ajudou a fundar, Elói foi alvo de matérias veiculadas em jornais locais as quais o relacionava ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso na operação Lava Jato. Pietá era membro da Executiva Nacional no mesmo período de Vaccari. Ele afirmou que a notícia foi obra de algum deputado que tem interesse eleitoral e não quis ouvir a versão dele dos fatos.

Elói voltou a criticar a gestão do prefeito Sebastião Almeida (PT) e disse que era melhor demitir do que reduzir salários. Para ele, a operação Lava Jato faz parte de um golpe de Estado em curso no País comandado por setores do Poder Judiciário.

Reprovação – ”O governo atual tem deixado a desejar em muitas áreas”. (Foto: Lucas Dantas)

FM: Você só aceita ser candidato a prefeito por aclamação do PT?

EP: Eu nunca falei isso. Muita gente na cidade que me diz que eu devo ser candidato. Cidadãos que não são filiados ao PT. Eu tenho que ter uma resposta para essas pessoas. Se o PT disser que eu devo ser candidato vou ter que encarar.

FM: E por outro partido?

EP: Se for candidato, vou ser pelo PT. Mas se o PT achar que eu não deva ser, eu estou muito satisfeito com o tempo que eu tenho agora para estudar, atuar de uma maneira livre, sem responsabilidade de administrar uma cidade. Isso para mim é um sofrimento. Não é, digamos, uma satisfação. Quando eu fui prefeito, senti o quanto é pesado. Mas, como eu tenho um vínculo muito grande com a população e ainda estou com muita saúde apesar dos 71 anos, não me sinto bem em dizer às pessoas que “virem-se”.

FM: E como está a discussão interna?

EP: A escolha deve se dar entre 5 de abril e 31 de julho. Começou ontem (5ª feira, 3) o processo de debate em que o objetivo é tentar chegar a um consenso. Se não chegar, vai ter um processo de escolha que pode ser uma prévia ou um encontro municipal.

FM: O que impede o consenso?

EP: Tem uma parte do PT que apoia o Moacir, uma parte que apoia o Alencar e uma parte que me apoia. Hoje sou minoria no PT.

Foto: Lucas Dantas

FM: Jornais locais fizeram ilações sobre sua função como secretário geral do PT em período investigado pela operação Lava Jato. Qual é sua posição a respeito?

EP: Em primeiro lugar, isso saiu em dois jornais e da mesma fonte, que não é nenhuma instituição pública. É alguma assessoria de imprensa de algum deputado interessado no processo eleitoral de Guarulhos e que resolveu distribuir para dois jornais. Não sei se está pagando. Mas eles não me ouviram. O correto é, quando tem acusações a uma pessoa, você ouvir o outro lado. É a regra do jornalismo correto.

FM: E qual é o seu lado?

EP: Fizeram uma relação sem nenhuma base, simplesmente porque eu era secretário-geral do PT. O PT é presidencialista. A principal figura não é o secretário-geral, que não tem nenhuma relação de autoridade com o tesoureiro do partido. A minha tarefa não teve nada a ver com a questão de Finanças. A Lava Jato não fez relação com o presidente do partido, com nenhum outro membro da Executiva. Porquê faria em relação a mim? Eu acho que essa matéria foi encomendada por razões políticas locais para manchar a minha imagem.

FM: Foi alguém do PT?

EP: Não. Eu tenho absoluta certeza de que não foi alguém do PT. Nós estamos em um processo de alto nível de diálogo entre os três indicados. Isso vem de fora. Acho que é da assessoria de algum deputado.

Foto: Lucas Dantas

Foto: Lucas Dantas

FM: Voltando aos seus concorrentes internos, o Alencar foi flagrado trocando socos com um militante contrário ao PT.

EP: Evidentemente que é inadequado (ao ver fotografia feita no dia do incidente).

FM: O que você achou da operação da PF na casa do ex­presidente Lula?

EP: Foi um ato vergonhoso, desnecessário, apenas para destruir a imagem dele. Uma ação irresponsável, inadmissível. Um ex-presidente deveria ter foro privilegiado.

FM: E da Lava Jato?

EP: A Lava Jato é um instrumento de um golpe de Estado. Todas essas empreiteiras que estão na operação doaram quantias semelhantes ao PSDB, PMDB, DEM, PTB, mas o judiciário resolveu fazer como alvo exclusivamente o PT. Por quê? Porque isso faz parte de um golpe de Estado para o qual contribuem setores do Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, partidos políticos, empresas de mídia e parlamentares. Acho que grande parte do Judiciário faz parte de uma conspiração golpista no Brasil.

FM: Mas isso não inocenta o PT.

EP: Claro que não. Mas essas empreiteiras também tinham negócios em Minas, Paraná, São Paulo, governadas pelo PSDB. Mas a única coisa investigada é o caso Petrobras.

Foto: Lucas Dantas

FM: Guarulhos tem problemas evidentes. A campanha será mais difícil para o PT, que terá que prometer fazer diferente de uma gestão do próprio PT?

EP: Claro. As pesquisas nacionais indicam que qualquer que seja o prefeito de qualquer partido no Brasil hoje está com dificuldades na relação com o eleitorado. É um problema do PT em Guarulhos, mas um problema do PSDB em outros lugares.

FM: Como você avalia o governo Almeida?

EP: Eu acho que o governo 2009/12 foi bastante produtivo, tanto que ele foi reeleito. Agora, o governo que começou em 2013 foi extremamente afetado pelas crises econômica e fiscal. O governo atual tem deixado a desejar em muitas áreas. Não tenho dúvidas que há um excesso de cargos comissionados e que precisava cortar isso há muito tempo. Acho que uma coalisão com muitos partidos nunca é saudável. Tem que ser enxuta com quem tenha compromisso programático de tocar uma linha de governo.

Foto: Lucas Dantas



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