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Entrevista com Eduardo Martins


10/10/2016
10:44 AM
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Raphael Pozzi
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Atualizado em 10/10/2016 10:44 am

O cardiologista Eduardo Martins atende seus pacientes em uma das melhores instituições de saúde do País, o Hospital Israelita Albert Einstein. Ele é pesquisador de Conscienciologia, uma área que estuda a interferência dos sentimentos no corpo humano. De acordo com ele, por exemplo, a mágoa é uma poluidora da consciência e pode acarretar problemas físicos.

Para Martins, a capacidade de limpar a mente pode gerar benefícios na saúde de seus pacientes. Isso pode acontecer também nos casos de problemas do coração, como o infarto. Segundo o médico, o grande problema da mágoa é a terceirização afetiva, um movimento em que as pessoas colocam sobre os outros a responsabilidade por suas questões particulares. Isso acaba poluindo, não só a mente desse indivúduo, mas também a sua vida.

O especialista é autor do livro “Higiene Consciencial” e ensina que é possível despoluir sua consciência e se livrar dos problemas sentimentais para ter uma vida mais equilibrada. Para isso, ele se utiliza de algumas técnicas que envolvem o autoconhecimento e a busca pela paz interior. Segundo Martins, não houve preconceito por conta dos seus estudos. A área médica aceitou as suas ideias. “Se você utiliza isso para fazer uma análise própria, corrobora com a medicina. É a gasolina azul dos médicos”.

 

Folha Metropolitana – O que é a higiene consciencial?

Eduardo Martins – É uma ciência. Posso traduzir que seja a habilidade de uma pessoa identificar e tomar atitudes para limpar seu ambiente mental. Se eu estou ansioso, por exemplo, vou frear isso. Se o comportamento é agressivo, começa-se a pacificá-lo. Se tem mágoa, você varre isso para fora da sua cabeça. A higiene consciencial faz, com um comportamento da pessoa, que ela ganhe mais qualidade de vida. É um paradigma que ultrapassa as crenças que temos. A consciência se expressa em várias vidas e dimensões como energia. Não pensamos só na parte física. Vamos além disso.

 

Esse conceito tem relação com alguma religião?

Não. O maior problema da religião é o dogma. Não se pode questionar nada. Você precisa acreditar naquilo que lhe é imposto. No paradigma consciencial, não se acredita em nada. Você é livre para ter a sua própria experiência. Quando falamos de espiritualidade surgem os gurus, pessoas que se sentem únicas por verem algumas coisas diferentes. Nós combatemos isso. Enxergar consciências que já morreram e perceber energias, por exemplo, são habilidades que todos temos.

 

O que pode afetar a consciência?

Mágoa, raiva, medo, culpa. Isso faz parte dos agentes inflamatórios do temperamento. Sao poluidores. A função do nosso estudo é permitir a limpeza disso. A maioria desses problemas são emocionais. As pessoas podem identificá-los e eliminá-los quando quiserem.

 

Por ter essa visão diferente da medicina, você já sofreu preconceito?

Não, nunca, sem dificuldades. Eu acredito que as pessoas têm suas linhas de estudo e isso tem que ser respeitado. Não podemos ficar restritos à medicina. Ela tem uma função social e terapêutica que é essencial, que salva vidas. Mas o meu objetivo  é ajudar as pessoas a saírem da rota da doença.

 

O que significa isso?

Vou dar um exemplo: se uma pessoa fica a vida toda pensando que os familiares e os amigos não gostam dela, que ela não tem valor, quando ela perde algo importante, seja o emprego, o cônjuge, aquela ideia fixa se manifesta e ela passa a ter crises. Cai em depressão.

 

A consciência pode gerar doenças físicas então?

Sim. O estresse, a ansiedade e a depressão, por exemplo, podem evoluir para um infarto.

 

Existe algo que atrapalhe essa busca pela higiene consciencial?

Sim, o orgulho. As pessoas não querem dar o braço a torcer. A mulher quer ser a mãe que sustenta emocionalmente a casa. O homem, aquele que trabalha até as 22h. Eles acham que nunca erram, que mandam. É uma situação crítica. A gente precisa aprender a parar a mente, receber uma crítica, um feedback. Você precisa fazer uma leitura sobre si mesmo.

 

Existe alguma técnica para que isso ocorra?

No livro eu falo de uma técnica chamada “Padrão Homeostático de Referência”. Nela, a pessoa se lembra de um dia em que estava bem e tira os pensamentos antagônicos, negativos. Assim, nós ficamos mais leves, mais serenos, e conseguimos analisar as coisas de forma mais tranquila.

 

Você acredita que debater esse assunto pode melhorar o mundo?

Claro, é uma contribuição para a sociedade. Hoje as pessoas sofrem silenciosamente. Às vezes elas têm vergonha de falar e querem ficar bem com os outros. Esse também é um grande problema: quando os outros se tornam pessoas mais importantes do que você mesmo. Um casamento de 30, 40 anos pode ser assim. Imagine que inversão de valores! Eles acabam se manipulando, ninguém se posiciona. Ao invés de oferecer o melhor, você só se cobra porque está carente. Vai acabar querendo que os outros resolvam essas suas questões e não vai dar certo.

 

Essa reflexão anda junto com a medicina?

Sim. Se você utiliza isso para fazer uma análise própria, corrobora com a medicina. É a gasolina azul dos médicos. Uma pessoa que muda seu comportamento para melhor tem menos problemas físicos e doenças.

 

É um início, portanto?

Com certeza. A higiene física surgiu no século 19, imagine só. São 20 séculos sem xampu, vaso sanitário, sabonete. Pense agora que estamos criando um sabonete “antimágoas”. Eu não consigo conceber uma pessoa pensar mal da outra a vida toda. O que pode ser feito? Parar de julgar e colocar um ponto final nisso. Alguém precisa falar disso sem hipocrisia.



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