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Entrevista com Beatriz Martins


08/05/2017
9:59 AM
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Raphael Pozzi
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Atualizado em 08/05/2017 10:00 am

Com apenas 17 anos, Beatriz Martins de Souza já tem uma grande responsabilidade nas costas. Ela é a fundadora da Organização Não-Governamental (ONG) Olhar de Bia, que já atendeu mais de 130 mil jovens carentes, oferecendo solidariedade, esporte, cultura e capacitação.

São dez anos de atuação em Guarulhos. É isso mesmo: ela tinha pouco mais de seis anos quando surgiu a ideia de ajudar outras pessoas. Em um passeio de carro com o seu pai, ao parar no farol, Bia teve um choque social: viu crianças malvestidas pedindo balas aos motoristas. Beatriz perguntou “por que eles têm que pedir algo que eu tenho de monte?”

A explicação que veio do pai, Ricardo Martins Xiruli, mostrou a ela que o mundo precisava mudar bastante. Então Bia resolveu começar a empreitada. Inicialmente, o projeto chamava-se Olhar do Bem.

Além de aceitar doações em dinheiro, hoje o Olhar de Bia também recebe voluntários de diversas áreas. Entre assessoria de imprensa, advocacia e marketing, a solidariedade permanece aflorada em quem contribui com uma parte do seu dia para o bem.

Recém-formada no Ensino Médio, Beatriz agora quer estudar jornalismo para continuar passando suas ideias sociais mundo afora.

 

Folha Metropolitana –Como funciona o trabalho de vocês hoje?

Beatriz Martins de Souza – Na ONG Olhar de Bia nós trabalhamos em três pilares: solidariedade, esportes e cultura, capacitação e empreendedorismo. Nosso objetivo é fomentar a ajuda ao próximo, enriquecer a história tanto do jovem carente como do voluntário. Aliás, esse tipo de mãode-obra continua necessário: professores de artes e esporte, por exemplo, podem contribuir bastante conosco.

 

Há uma estimativa de quantas pessoas já foram atendidas?

Por volta de 130 mil.

 

Além de jovens carentes, vocês também têm um sistema bem bacana de inclusão, correto?

Sim, a gente não diferencia crianças e jovens especiais dos ditos normais. Eles trabalham juntos, tanto no projeto de empreendedorismo quanto na área de esportes. Atualmente, temos dois alunos que são especiais, de 15 e 14 anos, mas que não têm tratamento diferenciado. É importante que eles vivam em sociedade, a gente tenta proporcionar isso com o trabalho.

 

Há quanto tempo eles estão com vocês? Já houve alguma diferença no comportamento deles?

O Bruno, mais velho, está há dois anos na parte de esporte. E, claro, a gente vê muitas mudanças. Antigamente, ele era mais retraído. Ao se sentir acolhido, eu vi que ele conseguiu se expor mais. Ele tem um carinho enorme dentro dele.

 

A ONG Olhar de Bia pretende aumentar sua área de atuação?

Hoje estamos bem consolidados em Guarulhos e estamos com estudos para atuar em cidades próximas. Conversamos em Mogi Mirim para termos uma unidade lá, mas não tem nada certo ainda.

 

Como o poder público recebe a ideia da ONG?

Hoje o diálogo é muito maior. Nós nascemos aqui (em Guarulhos) e não tínhamos muito contato, nunca houve uma proposta de parceria. Agora as coisas parecem mudar para melhor.

 

Você carregou a Tocha Olímpica quando ela passou por Guarulhos. O que isso mudou no seu caminho?

Teve uma importância muito grande. A exposição que conseguimos com isso foi enorme. Foi uma oportunidade de podermos conhecer empresários de diversos ramos que hoje nos ajudam. Eu fiz algumas palestras e pude aumentar meu conhecimento. Me abriu muitas portas. O nosso projeto “Alicerces” nasceu de um projeto da Universidade Braz Cubas, que nos foi apresentado por uma colega, a Cris, que participa de um grupo de networking. Tudo isso só foi possível por conta de uma palestra a respeito da Tocha Olímpica.

 

O que é esse projeto?

Em 2017 vamos fazer a segunda edição. A gente leva profissionais para contar um pouco da rotina do seu serviço para os jovens assistidos. Aliás, agora nem vai precisar ser um aluno da ONG, qualquer jovem que quiser vai poder se inscrever.

 

Esse cadastro já está aberto?

Ainda não, agora estamos na fase de inscrição dos palestrantes. É só entrar no site para se inscrever.

Eu acredito que é importante destacar que esse projeto pode mudar a vida desses adolescentes. A partir de uma fala de um profissional da área, ele pode se identificar e começar a seguir esse caminho do bem.

 

O que significam as palavras solidariedade e caridade pra você?

Solidariedade vem da palavra sólido. É você estruturar, solidificar a vida de uma pessoa. Não é só uma doação, algo pontual. É uma ajuda constante, uma doação de tempo, carinho, alma. Caridade é algo mais distante. A solidariedade envolve uma pessoa, já que cria a vontade de acompanhar, ver como o assistido está, entende? Já a caridade tem um envolvimento menor.

Além de ajudar as pessoas, o voluntário também se ajuda tendo solidariedade. Ele pode ter uma melhora na saúde mental ao descobrir sua missão no mundo. Acaba vendo que, mesmo com pequenas ações no cotidiano, é possível mudar algo para melhor.

 

O que você enxerga para nosso futuro?

Estamos em uma etapa bem legal. Ao mesmo tempo em que existem muitas guerras e corrupção sendo descoberta, nossa geração está preocupada com a falta de ética. Isso não existia antes. Nós nos preocupamos muito com o propósito. Quando isso acontece, temos uma produtividade muito melhor. Nos tempos de redes sociais, existem muitas pessoas fazendo o mal. Mas eu enxergo que há muita gente se preocupando em fazer o bem. O Olhar de Bia tem esse propósito: dar palavras às pessoas. Dizer que elas podem mudar o mundo. As pessoas do bem, quando se juntam, têm uma força imbatível.



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