Bate-boca constrangedor para toda a classe dos políticos
20/03/2015
12:18 PM
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Editorial
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Atualizado em 20/03/2015 12:18 pm
O bate-boca entre o ex-ministro da Educação Cid Gomes e parlamentares na Câmara dos Deputados (principalmente o presidente Eduardo Cunha, do PMDB) revela um traço característico do político brasileiro: o oportunismo.
Cid Gomes já foi governador do Ceará e acusado de se utilizar de bens públicos em benefício próprio. Não seria, portanto, a pessoa mais indicada para falar de princípios morais dos deputados federais. Quis se colocar acima do bem e do mal e pagou caro por isso: deixou o ministério da presidente Dilma Rousseff. Mas só saiu porque os parlamentares prometeram retaliações “pelas ofensas recebidas”.
No Palácio do Planalto, após ter pedido demissão orientado pela própria presidente, Cid Gomes falou em defesa de Dilma Rousseff, que ele disse considerar ter “as qualidades necessárias” para governar o País.
Na garagem privativa do palácio, ele classificou a presidente como uma pessoa “séria” e avaliou que o combate à corrupção adotado pelo governo “fragilizou” a relação dela com boa parte dos partidos.
Seria um discurso plausível se partisse de uma pessoa ilibada em todos os sentidos. Mas não é o caso. O ex-governador cearense foi acusado de viajar para a Europa com as despesas pagas pelos cofres públicos. Pior: levou a própria sogra como acompanhante. Também responde por superfaturamento em licitações feitas para obras realizadas no estado.
É o roto falando do rasgado, literalmente. Por essas e outras é que o povo brasileiro está cansado dos políticos. Fisiologistas de mão cheia (a grande maioria) provocam um desgaste sem tamanho que acaba atingindo toda a categoria.
O bate-boca constrangedor só comprova a tese de que o eleitor precisa estar atento, cada vez mais. Ele só mudará os destinos do País quando votar de forma consciente. No dia em que figuras como Cid Gomes (apenas citado como exemplo) deixarem de merecer o voto