Há 60 mil cidadãos que clamam por direito à moradia digna
31/05/2017
4:37 PM
/
Editorial
/
Atualizado em 31/05/2017 4:37 pm
O conceito de cidadania remete à Grécia Antiga, onde ser cidadão significava ser do sexo masculino e ter propriedades. Estes homens especiais tinham o direito a voto e estavam sujeitos ao pagamento de impostos e fazer serviços militares. Esta noção evoluiu, principalmente a partir do século XVIII, quando a sociedade conquistou parte dos seus direitos civis, como o direito à liberdade, à propriedade e igualdade perante a lei; no século XIX, houve avanço em termos de direitos políticos, com a possibilidade de votar e ser votado; e, já no século XX, vieram os direitos sociais, como educação, previdência social e moradia.
Fiquemos apenas com moradia, uma vez que esta Folha Metropolitana noticiou ontem que mais de 60 mil pessoas em Guarulhos moram em áreas de risco. O número é tão grandioso quanto vergonhoso. Pois, ao cidadão que aqui mora é dado o direito de votar, mas lhe é negado o direito de ter uma habitação digna, conforme assegura a Declaração Universal dos Direitos Humanos (de 1948) e a Constituição Federal (de 1988), no caput do seu artigo 6º.
Que saibam nossos políticos que Guarulhos não se resume aos cidadãos que moram em Vila Galvão, Vila Rosália, Vila Augusta e Bosque Maia. Mas também compreende aqueles que têm sua casa erguida em um dos 46 locais passíveis de deslizamentos e enchentes, como Recreio São Jorge, Cabuçu, Parque Santos Dumont, Santo Afonso, Água Azul, Malvinas, Fortaleza e Vila Operária. São estes que, a cada quatro anos, ao exercerem religiosamente o seu direito ao voto, que os elegem, na esperança de que algo mude para melhor. Regularização fundiária ajuda, mas não é a solução. Moradia transitória para apenas 20 famílias é algo irrisório. Entregar 5 mil unidades iniciadas na gestão passada, suaviza, mas, como o problema é mais amplo, é preciso ir mais além. Certo é que está na hora de a Prefeitura descentralizar seu olhar e mirar para as áreas mais afastadas do Centro, onde 60 mil cidadãos esperam que se cumpram promessas antigas de solução de um problema cada vez mais presente.