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O problema do Brasil não é seu sistema de governo, mas seus governos


23/06/2017
9:42 AM
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Editorial
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Atualizado em 23/06/2017 9:42 am

A última vez que o Brasil teve uma experiência parlamentarista foi há quase 60 anos, logo após a inesperada renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961. Seu sucessor era João Goulart, tido pelas forças armadas como comunista. Aventou-se então a ideia de um golpe de Estado. Para apaziguar a tensão política, o Congresso adotou, em 2 de setembro daquele ano, o regime parlamentarista. Assim, Goulart manteve-se no cargo, mas com poderes limitados. E, ao longo de 17 meses, o País teve três primeiros-ministros: o mineiro Tancredo Neves (avô de Aécio, que ficou por 307 dias no cargo), o gaúcho Brochado da Rocha (76 dias) e o fluminense Hermes Lima (128 dias). Em 1963, foi feito um plebiscito para que o povo escolhesse entre parlamentarismo e presidencialismo, vencendo este último sistema de governo.

Trinta anos depois esta questão voltou ao debate e mais uma vez foi preciso convocar o povo para escolher entre um e outro. Assim, mais uma vez, decidiu-se, em 21 de abril de 1993, pelo presidencialismo. Agora, de novo e diante da crise política vivida no Brasil, os defensores do parlamentarismo começam a erguer a voz para apontar este caminho como uma solução ao País. E o próprio presidente Michel Temer tem sido um dos que levantam esta bandeira. Na Rússia e na Noruega falou que faz um “presidencialismo semiparlamentarista”. E, ainda antes de viajar, disse ao jornalista Reinaldo Azevedo que, se depender do seu esforço pessoal, a nação chegará a 2022 com um regime parlamentarista e com voto distrital misto.

Trata-se de mais uma mudança casuística e inócua, pois está mais do que claro que o problema do Brasil não é o seu sistema (se presidencialismo ou parlamentarismo) ou forma de governo (se república ou monarquia). Mas sim os homens que fazem a nossa política, que, ao invés de representar o povo brasileiro, defendem apenas seus interesses pessoais. Pelo parlamentarismo já falaram Aécio Neves, Eduardo Cunha e agora Temer. Fica então a questão: a quem de fato interessa seguir por este caminho?


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