Connect with us

Destaque Opinião

Opinião

Destaque Opinião



notíciasDestaque Opinião


Ponto de Vista – O primeiro passo de uma longa caminhada


05/06/2017
9:55 AM
/
Sandra Tadeu
/
Atualizado em 05/06/2017 9:55 am

Era para ser um domingo como outro qualquer: 21 de maio, seis e meia da manhã. Nem bem amanhecia no Centro de São Paulo e agentes das polícias Civil e Militar e da Saúde participavam da operação que, segundo o prefeito João Doria, marcaria o fim da Cracolândia. A região de traficantes e usuários existe há mais de duas décadas.

Nesta ação, quilos de drogas foram apreendidos, suspeitos foram presos, usuários encaminhados para internação e alguns se deslocaram para outros pontos do Centro. A ação unificada dos governos estadual e municipal gerou polêmica, muito falatório e questionamentos. Mas é incontestável que foi dado o primeiro passo.

Olhando para a situação, o principal ponto (talvez o mais difícil de resolver) é o combate ao tráfico de drogas. Usuários morrem todos os dias e pessoas inocentes também são vítimas da violência do tráfico. Traficantes comandam ações de dentro das cadeias.

A outra questão é a Saúde. Como convencer um dependente químico a buscar ajuda? Sem dúvida este é um trabalho de formiguinha. A confiança é um começo, mas não é tudo. Muitas vezes, a família, mesmo com todo amor e atenção, não conseguiu evitar o vício da pessoa querida. Cada indivíduo que buscou a droga tem um histórico particular, uma fraqueza, uma curiosidade, uma influência errada. O médico oncologista Drauzio Varella disse que a Cracolândia é consequência de uma ordem social. E é mesmo. Por isso tem que haver toda condição necessária para o dependente, desde a abordagem até a reinserção na sociedade.

Como médica pediatra trabalhei em hospital público. Cheguei a ver todo tipo de situação na área da saúde. É impressionante como a droga acaba com o ser humano. Ainda mais o crack. A dependência química é uma doença crônica e a internação quase sempre é necessária. A compulsória [forçada] precisa de ordem judicial e laudo médico. Se o usuário coloca a sua vida e a de terceiros em risco, a ajuda se faz necessária de imediato. Temos de acreditar nos programas unificados do governo. Esse é um trabalho que, para dar certo, precisa da colaboração de todo poder público, especialistas da Saúde, medidas de segurança, assistência social, entre outras. Foi dado o primeiro passo, que venham os próximos.

Sandra Tadeu é médica pediatra e exerce o 3º mandato como vereadora em São Paulo. Foi ainda vereadora em Guarulhos por dois mandatos


Continue Reading
To Top