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Sobre chefes e capos: quando a política imita a máfia


21/06/2017
9:30 AM
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Editorial
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Atualizado em 21/06/2017 9:30 am

Primeiro o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná disse que o ex-presidente Lula era o “comandante máximo” de um grande esquema de corrupção impetrado no País. Agora vem o Joesley Batista e crava com letras garrafais que o atual presidente, Michel Temer, é o “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”. Independente de quem seja a chefia, aparentemente, as quadrilhas são muitas. Pelo menos é o que demonstrou um levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, feito com base na Lei de Acesso à Informação,  com o qual foram analisadas operações da Polícia Federal entre 2013 e 2017. Nestes quatro anos, foram realizadas 2.056 operações contra organizações criminosas, responsáveis por um prejuízo calculado em R$ 123 bilhões ao erário público.

O valor é próximo ao do déficit fiscal do Brasil em 2016, que fechou em R$ 155,791 bilhões, reflexo da profunda crise que o País vem atravessando.  Ou, como lembrou, na segunda-feira, 19, a senadora Ana Amélia (PP-RS), o valor daria para construir 2,46 milhões de casas populares, o que ajudaria a zerar o déficit habitacional para a população de baixa renda. Poderia também ser usado para adquirir 1,5 milhão de ambulâncias; 2,4 milhões de viaturas policiais; ou 55,4 milhões de unidades de merenda escolar.

Os R$ 123 bilhões apresentados neste Atlas da Corrupção é somente uma pequena mostra da realidade nacional. O montante surrupiado e o mal causado pelas facções criminosas que se instalaram no coração do poder político brasileiro vai além desta cifra bilionária. Este é apenas a esmola que se paga ao corpo de políticos e funcionários públicos para que outros usufruam a seu bel-prazer do Estado, na forma de um superfaturamento, de multas não aplicadas ou perdoadas e de uma escola, uma ponte ou um hospital pago e que jamais será construído. Isso sem contar as propaladas emendas parlamentares, que têm se mostrado como dutos para a corrupção e instrumento de barganha entre o Executivo e o Congresso. São muitos os meios escusos de dilapidar os cofres do Tesouro. Muitos também devem ser os chefes. E, como em um genuíno esquema mafioso, tira-se um capo e assume outro. E assim o sistema de lesa-pátria permanece.


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