Centralização da Virada Cultural e valorização do que é de ‘fora’
12/05/2017
9:35 AM
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Editorial
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Atualizado em 12/05/2017 9:35 am
Apesar de Guarulhos ser a segunda maior cidade do Estado, somente seus moradores a conhecem de fato e, mesmo assim, não completamente. Para pessoas de ‘fora’, o município se resume ao Aeroporto Internacional de Cumbica. A proximidade com São Paulo também criou um comportamento, por parte da população, de prestigiar eventos só na Capital.
Neste ano, a Prefeitura decidiu inovar e aderiu pela primeira vez à Virada Cultural Paulista. O evento surgiu em São Paulo faz 12 anos. Apesar da iniciativa, o que deveria gerar aplausos, fomentou uma enxurrada de vaias por parte de alguns seguimentos da classe artística da cidade. O motivo é que os organizadores vão pagar cachês para as atrações principais, que não são do município, e ofereceram só espaço para que os artistas guarulhenses se apresentem, mas sem receber um tostão sequer.
A atual gestão Guti (PSB) incorporou a Cultura, por contenção de gastos, à Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secel). Ou seja, o orçamento da pasta, que já era diminuto, foi diluído com outras áreas.
Para se ter uma ideia, Ribeirão Preto, na região Noroeste do Estado, que conta com uma população de aproximadamente 675 mil habitantes, organiza a Virada Cultural desde 2006, apenas um ano depois que o evento começou na Capital.
O guarulhense não pode ser culpado pela falta de identificação com eventos na cidade, pois a apresentação de atrações culturais, em grande parte vindas de fora, ocorre majoritariamente na região central. Moradores da periferia costumam chamar o Centro da nossa cidade simplesmente de “Guarulhos”, tamanha é a falta de conexão destes bairros com a cidade da qual fazem parte. As principais atrações da Virada, apesar de gratuitas, sairiam caras para quem usa ônibus, com dinheiro contado, para ir trabalhar. As coisas vão mudar somente quando a classe política perceber que se identificar com a cidade, e sua população, é o primeiro passo para se ganhar uma salva de palmas. Mas, na cabeça de boa parte deles, cultura não dá voto. Daí o menosprezo com essas questões.