Ponto de Vista – HIV, cegueira e a luta de classes
20/03/2015
12:21 PM
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Castelo Hanssen
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Atualizado em 20/03/2015 12:27 pm
A AIDS surgiu carregada de terror e preconceito. Passou a ser chamada de “peste gay”. Os portadores eram malditos, como os leprosos na antiguidade. Onde se pretendesse criar um hospital para atender os doentes, os moradores se manifestavam contra. Hoje já não assusta tanto, já se pode conviver com o mal, submetendo-se a tratamento constante. Mudou até de nome, hoje é conhecida como HIV, nome menos assustador. Mas a Imprensa tem divulgado a existência de grupos organizados para transmitir, propositalmente, tal doença. A maldade agora é institucionalizada.
O que explica esse absurdo? O que leva as pessoas a querer prejudicar seus semelhantes gratuitamente? Por que quadrilhas organizadas atacam a Polícia e a Sociedade sem nada ganhar com isso? Por que assaltantes matam e torturam as vítimas que entregam sem resistência seus pertences? A explicação é a inveja. Quem tem problemas e não consegue superá-lo, contenta-se em fazer com que o próximo sofra mais do que ele.
A Sociedade (mesmo antes do capitalismo) é extremamente injusta e competitiva, um “salve-se quem puder”. O resultado é que uns tem de mais, outros de menos. Não podendo repartir melhor as coisas, passou a ser “politicamente correto” justificar a violência e a maldade daqueles que estão por baixo. Quem tem casa para morar, almoça e janta todos os dias, é culpado pela situação dos que não tem. Em vez de abolir a injustiça, pensa-se em tirar dos que tem e dar a quem não tem.
Este escrevinhador é pobre comparado a alguns, rico comparado a outros. Deve-se armar para agredir os primeiros e defender-se dos segundos? É deficiente visual. Deve amaldiçoar os que têm olhos para ler esta coluna, desejar que todos fiquem cegos? Ou devo ensinar a quem se sente infeliz, perseguidos e vítimas de preconceitos que o ódio e a inveja não curam feridas de ninguém?
Castelo Hanssen é escritor, poeta e jornalista. Escreve às sextas-feiras.