Ponto de Vista – Música raiz perdeu seu maior esteio
13/03/2015
11:53 AM
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Castelo Hanssen
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Atualizado em 13/03/2015 11:54 am
A semana começou com uma notícia triste, a morte de Inesita Barroso. Aos 90 anos ela ainda tinha muita disposição para a luta difícil de manter vivo o pouco que resta da cultura brasileira, num país que teima em não se reconhecer, e sonha com o Primeiro Mundo, copiando o que há de pior na cultura alheia. Esquecendo que “o poeta só é universal quando canta a sua aldeia”, como escreveu o poeta Garcia Lorca.
Ouço música caipira desde a infância. Na escola, no trabalho, era vítima de gozação por esse gosto. Na juventude, quando me fiz poeta, era voz discordante nas conversas da turminha, que achava ultrapassado tudo que não fosse Bossa Nova.
Porém o gênero virou moda, com o nome de “sertaneja”, e virou uma estranha mistura de bolero, tango e country. Esse gênero tão rico é desconhecido até por maestros, que definem tudo como moda de viola, embora abranja tantos estilos. Mas Inesita, ao lado de Boldrim e poucos outros, continuou a defendê-la, pura, simples e autêntica. E agora, quem preencherá o imenso vácuo deixado por ela, precursora de Cornélio Pires, outro grande esquecido pela cultura oficial? Quem continuará comandando o programa “Viola, Minha Viola”?
Mas a vida continua, ainda estamos na “VII Semana Castro Alves”, elaborada por Bosco Maciel através da Academia Guarulhense de Letras. Depois de vários dias de cultura e poesia o tradicional evento encerra-se no sábado, no Espaço Novo Mundo da Livraria Nobel de Guarulhos, à Avenida Salgado Filho, 1455. Após o discurso de encerramento haverá poesia e canto coral. E o Dia Nacional da Poesia será comemorado também no “Cereja Flor Café Bristô, da RuaTariana, 60, Anália Franco, às 19h. Nesse horário a professora e poeta Jane Rossi estará autografando a sua coleção “Alimento da Alma, coletânea de poesias de estudantes de várias escolas de Guarulhos e poetas convidados.
Castelo Hanssen é escritor, poeta e jornalista. Escreve às sextas-feiras.
