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Ponto de Vista – Parando de achar pelo em ovo


23/06/2017
9:44 AM
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Alfredo Henrique
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Atualizado em 23/06/2017 9:44 am

Observei muitas vezes, durante minha infância, adultos debatendo de forma mais bruta e, nas ocasiões em que tentei apaziguar – pois a energia destes momentos me incomodava – me diziam, entredentes, que a situação não era “assunto para alguém da minha idade”. Os temas nem me interessavam, mas o que provocavam nos adultos, que eu observava, me deixava desconfortável – pelo fato de não entender os motivos para tanta agressividade.

O tempo foi passando, ou melhor, fui passando por ele e, já adolescente, encarava as discussões como algo de gente adulta, mais madura, que “sabia o que falava”.

Mas na adolescência também percebi que várias situações, que seriam extremamente evitáveis, ocorreram pelo simples fato de um dos lados da história insistir em “colocar uma lupa” em algo que não merecia atenção.

Meu espaço aqui é curto, portanto já vou usar um relato sobre dois monges, de autoria desconhecida, para ajudar nesta caminhada de ideias.

Dois monges costumavam fazer tudo juntos. Certo dia, precisaram ir à cidade. Para isso, um rio tinha que ser atravessado na caminhada. Chegando ao veio d’água, viram uma mulher. A correnteza neste dia estava perigosa. Por isso, um dos monges a colocou nos ombros e atravessou as águas revoltas. Já na outra margem, cada um tomou seu rumo.

O silêncio imperou até que o monge que somente testemunhou o altruísmo do parceiro disse: “Fizemos votos de jamais tocar em mulheres”. O outro respondeu: “Mas também fizemos votos para ajudar a todos, não importa quem”. O outro monge treplicou: “Você não devia tê-la carregado, será um peso em sua caminhada”. Ao passo que o monge “carregador” finalizou: “Ajudei a mulher chegar à outra margem do rio. Mas, é você que a continua carregando em sua caminhada”.

A cena que descrevi é um exercício mental que deveria ser praticado por todos. Pois, mesmo que eu não tenha entendido o princípio dos desgastes entre pessoas na minha infância, percebo agora que todos seriam evitáveis se parássemos de procurar pelo em ovo.

Alfredo Henrique

Chefe de Reportagem da Folha Metropolitana

[email protected]


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