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Elite Envergonhada


13/01/2015
7:17 PM
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Paulo Manso / Foto: Alexandre de Paulo
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Atualizado em 14/01/2015 11:04 am

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Em algum trecho desta reportagem citei o quanto são velhos e precários os veículos no Haiti. Por isso mesmo, achei estranho ver alguns carrões aparecerem de vez em quando no meio daquela balbúrdia. Os raros SUVs novinhos que circulam em Porto Príncipe são vistos aos montes em Pétionville, bairro que abriga a pequena, mas abastada elite haitiana.

Tomando por base a simplista divisão entre ricos e pobres que verificamos no Rio de Janeiro, no Haiti, a lógica se inverte. Lá são os ricos que moram no alto do morro, e não os pobres. A lei da gravidade e a falta de saneamento básico faz o povo “do asfalto” receber toda a sujeira gerada na parte alta da cidade.

O estranho contraste entre a minoria rica e a maioria miserável pode ser explicado pela exploração de nichos da economia por famílias tradicionais e pela migração de haitianos para o exterior. Quase a metade do dinheiro que circula no Haiti vem de pessoas que fugiram do país para tentar a vida em outro lugar.

A gritante diferença de classes se acentuou depois do terremoto de 2010. Antes, os pobres ficavam “ocultos”, escondidos nas imensas favelas, mas o abalo criou uma nova cidade. Sem-teto. Aproximadamente 1,5 milhão de haitianos ficaram desabrigados (população pouco maior que a do município de Guarulhos, segundo maior de São Paulo) e foram deslocados aos chamados IDPs (Internally Displaced Persons, ou campos de deslocados), barracas de lona que se espalharam por Porto Príncipe depois da tragédia.

Na sexta-feira, 5 de dezembro, fomos conhecer Pétionville. Conforme a viatura subia a serra, o cenário ia se modificando. Árvores ficavam menos esparsas e até caminhão de lixo nós vimos. O ar foi ficando mais úmido. Parecia que estávamos saindo do set de um filme de terror e entrando na “vida real”.

Casas grandes, hotéis, restaurantes. Uma grande, limpa e arborizada praça – Place Boyer –, com brinquedos públicos onde crianças se divertiam. Uma festa acontecia no local em comemoração ao aniversário do descobrimento da Ilha de Hispaniola.

Mais tarde, voltamos ao bairro. Jantamos em um restaurante localizado na mesma praça visitada pela manhã. No Quartier Latin, a impressão era a de estarmos em Paris: idioma francês, música ao vivo de qualidade, atendimento e comida de primeira. Impossível não se lembrar dos biscoitos de barro e da água insalubre consumida a poucos metros dali.



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