Gilmar Mendes e as estripulias de um grande espetáculo surreal
10/05/2017
9:29 AM
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Editorial
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Atualizado em 10/05/2017 9:29 am
As estripulias que geralmente eram reservadas aos bastidores da má política começaram a se tornar cotidianas à população. O assunto era, em um passado recente, debatido em ambientes informais, sendo ilustrado por poucos nomes conhecidos do grande público. O desdobramento de investigações capitaneadas pelo Judiciário – desde sua primeira instância até o Supremo Tribunal Federal (STF) – fez com que nomes de outras esferas do poder começassem a se tornar personagens pitorescos no imaginário do brasileiro.
Algumas pessoas atualmente sabem melhor os nomes dos ministros da Suprema Corte do que dos jogadores de seus times de coração. Um nome que está na ribalta atualmente é o do ministro Gilmar Mendes que, além de integrar o STF, também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Recentemente, ele ganhou a atenção dos holofotes após mandar soltar o empresário Eike Batista, acusado de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Outra figura solta por Mendes foi José Dirceu – aquele mesmo que, livre pela Justiça, continuou a realizar atos corruptos.
Outro momento “interessante” foi quando ele convidou alguns investigados pela Operação Lava Jato para jantarem em sua casa. Fica estranho saber que a mesma pessoa que vai julgar os réus os receba no conforto do seu lar.
Mas voltemos ao caso de Eike Batista. A mulher do ministro é funcionária do escritório de advogacia que ajudou a soltar o empresário. Por isso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu para que o depoimento de Gilmar Mendes seja colhido nesse caso. O ministro nega qualquer irregularidade ou impedimento. O fato de a Procuradoria questionar um membro do STF evidencia a encenação real protagonizada por autoridades. Como vaticinou o irlandês Oscar Wilde, “o mundo é um palco, mas o elenco foi mal escolhido”.