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Ponto de Vista – O Primeiro de Abril que deixou marcas


27/03/2015
12:34 PM
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Castelo Hanssen
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Atualizado em 27/03/2015 12:34 pm

Na madrugada de primeiro de abril de 1964, como fazia todos os dias, minha mãe me acordou, para ir trabalhar. Eu tinha 22 anos. Em seguida, também como fazia todos os dias, enquanto coava o café, ligou o rádio na Bandeirantes para ouvir o “Brasil Caboclo”, apresentado por Balduino e Biguá. Além de apresentar a boa música caipira e as brincadeiras dos apresentadores, dava a “Hora certa, certinha, oferta de Palhinha, o conhaque das multidão”.

Naquela manhã, porém, não teve música caipira, hora certa, mais nada. Era o governador Adhemar de Barros fazendo um longo discurso. Ela desligava o rádio, ligava e desligava, e assim foi, enquanto eu me levantava, lavava o rosto e tomava o café. O discurso não acabava.

Nós morávamos em Mauá. Saí de casa sem saber a hora certinha, tomei o ônibus e fui para a estação. Ao chegar as ruas estavam cheias de gente comentando algo, e percebi que não tinha trem. Não era novidade, quando não havia acidente, trem quebrado, falta de energia, havia greve política. Elas pipocavam por todo o Brasil. Descobri que era mesmo greve, mas para protestar contra o golpe militar que acabava de acontecer, depondo o presidente Goulart.

Janista juramentado, eu não tinha nenhuma simpatia por Jango e seus pelegos. Mas também não gostava da ideia de uma ditadura militar. Virei esquerdista na mesma hora.

A Empresa Auto Ônibus Santo André (EAOSA) colocou carros extras, mas um grupo de militantes começou a esvaziar os pneus. Fiquei, com alguns amigos, assistindo e me divertindo. Até que apareceu um caminhão carregado de soldados armados que dissolveu a multidão.

O resto da história todo mundo sabe. Está completando 51 anos que isso aconteceu. A situação, em 1964, era feia, mas fichinha comparando com a de 2015. Já tem gente de olho comprido nos quartéis.


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